I
Perdeu-se no pinhal
que cresceu dentro de si
de que servem o ódio e o rancor?
II
Uma ferida escancarada uma vida inteira
na vertical, a verter a verdade
resina do tédio e da solidão.
III
O seu coração
é uma pinha escancarada
de onde levaram todo o pinhão.
IV
Sempre a voar tão alto
deixou de saber andar na terra
as estrelas nunca vão deixar de ser a tentação.
V
Sinto um perfume que me liberta
e que a brisa trás, serão “flores de verde pinho”?
desconfio que serão urze e tojo.
VI
Sempre este dilema
de escolher a árvore
e de me perder na floresta.
VII
Sempre foi grande a minha admiração
por histórias com musgo
contadas por insectos.
VIII
O cerne
é uma palavra que me impressiona
que me intimida, algumas questões nem tanto.
IX
Das carrascas do pinheiro
inventou barcos, aviões, castelos
depois vieram os carrascos e fornicaram tudo.
X
O Pinhal de Leiria,
com o qual escreveu das mais belas páginas
da sua já longa história e nunca foi navegador.
Lisboa, 20 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira
"Pine Forrest", foto de Maion Body-Evans
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