Ontem pediu comprimidos para dormir ao seu pneumologista.
Ele perguntou-lhe, se tinha algum problema, se já tinha tomado alguma vez. Disse-lhe que não, nada em especial, o que era verdade. Que já havia vinte anos que não conseguia dormir e que havia noites em que sonhava a noite inteira. Tal não tinha coincidido com qualquer acontecimento especial. Pareceu-lhe agora que vinte anos, talvez seja demais.
Se isto for considerado doença, para além da asma, tinha outra que o incomodava particularmente, eram os gases, que se tem tornado, cada vez mais difícil de gerir, em família, em sociedade.
Referiu ao médico que considerava que o seu problema de flatuências, seria inato, pois tinha muito presente a recordação da sua avó, a protestar veemente as inconvenientes exortações de odores e sonoras do seu avô comerciante, ao que o mesmo alegava em sua defesa, com menos vergonha do que seria aconselhável. " Mulher, ninguém mos compra tenho que os dar".
Referiu ao médico que considerava que o seu problema de flatuências, seria inato, pois tinha muito presente a recordação da sua avó, a protestar veemente as inconvenientes exortações de odores e sonoras do seu avô comerciante, ao que o mesmo alegava em sua defesa, com menos vergonha do que seria aconselhável. " Mulher, ninguém mos compra tenho que os dar".
No fundo o seu boletim clínico reduz-se a quatro problemas, muito interligados e socialmente desconfortáveis, que diga-se, não é coisa pouca. O controlo e a falta de ar e de sono, bem como o ressonar, digamos que o seu organismo vs metabolismo convivia mal com o ar que se respirava. Estava no entanto convencido, de que o problema era apenas seu, não seria do ar ou de alguma sociedade.
Lisboa, 1 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira
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