segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Um poema por duas lágrimas apenas


Duas lágrimas
correm por um só olho
cosmologicamente
para o canto
30ºgraus de ângulo
de um vértice triste
de não sei que dor
é preciso dar tempo
ao tempo que subverte
para as decompor-
Duas lágrimas
descem pelo seu rosto
contornam o argueiro
precipitam-se
até à foz
na comissura direita
da sua boca
onde as soube
sem gosto
onde irão com certeza
embargar
a sua voz já rouca.
Tanto
por tão pouca
cousa.

Lisboa, 15 de Setembro de 2014
Carlos Vieira

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