sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Mulher num final de tarde em Setembro



Vulnerável
penetraste no bosque usurário da tua luz
mulher peculiar
princesa selvagem
que coroei
em todas as minhas brumas

o zénite 
foi a oratória
dos teus seios túrgidos
quando virado ao sabor da brisa
fiquei preso no vórtice dos perfumes 
não sei se no teu ritual de sedução 
ou na alquimia 
dos teus unguentos 

espreito 
como um delinquente
quando te debates
na trama de espuma do teu banho
e traço num meridiano de astúcia
a toalha macia do olhar 
com que te envolvo

a noite 
está para lá 
da soberba sensualidade 
do teu torso imergente 
o bisel do meu desejo
não me dá tréguas

à senoite 
só a glosa refulgente
da tua mímica
insaciável
poderá servir de álibi
a que possa 
imolar-se o silêncio
depois de ti
da tua injusta beleza
nada me fará
calar.

Lisboa, 5 de Setembro de 2014
Carlos Vieira


“The black woman walk so lonely” por Roberto Duran

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