sexta-feira, 26 de setembro de 2014

De tanto olhar o firmamento ganhei asas


Estarei velho
deixei de contar as estrelas
as mais distantes 
já não as enxergo
invejo-lhe a incansável
intensidade
não existem
estrelas decadentes
só buracos negros
abertos no espaço sideral
e constelações que assistem
impotentes
as exéquias das partidas
das ausências
ao silenciar da luz
estarei velho
tornou-se
mais difícil carregar
este memorial
este céu
para consumo interno
onde continuam
tantas estrelas
desaparecidas
e ao mesmo tempo
cuidar
das supernovas
da minha vida.
Lisboa, 26 de Setembro de 2014
Carlos Vieira

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