sábado, 20 de setembro de 2014

do pecado da poesia todos os dias me confesso



Chega uma altura na vida
que tudo se esboroa
e se desfaz
no pó puro e duro

resta-nos 
apenas a fidelidade 
à poesia
para quem acredita

um pouco de pó
de poesia
misture bem 
é de consumo imediato

pouco elaborada
apenas rugas 
versos na pele do dia a dia
na génese ingénua teoria

poesia na hora
de uma solidão
que não contamos
que não contávamos.

de pequenas coisas
imprecisas memórias
derrotas e vitórias
a que sobrevivemos

de erros e desenganos
que soçobram
à dura luz 
do ardil da razão

neste tempo
ousar o poema
acompanhado do gesto 
épico de ternura.

Lisboa, 20 de Setembro de 2014
Caros Vieira

Sem comentários:

Enviar um comentário