segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Desobediência discreta


Tímido
foi o gesto
que lançou a semente
do mais eloquente protesto
flor intrépida
e sem estação
em segredo
ali bebeu teus lábios
a água fresca
e deles brotaram
beijos de arestas
e canções de frágua
neles ecoou
a palavra breve e soterrada
dos sábios
cuja memória
se reduz agora
a reflexos efémeros
como pássaros
que preenchem
os ramos da ausência
na penumbra das florestas
gestos tímidos
que tecem na luz
protestos veementes
à fugaz janela do tempo
seus olhos húmido
acenam delicados
o ponto cruz
por detrás da cortina
em que lhe sorriu
recorrente
a linha de fuga
em que se liberta
e o pensamento único
de onde a medo
deserta.
Lisboa, 15 de Setembro de 2014
Carlos Vieira

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