sábado, 13 de setembro de 2014

Dedalus




Aqui me encontro
nesta encruzilhada
neste dilema
por isso estes versos
onde me confronto
com os passos perdidos
que não são só
da minha solidão
é apenas
mais uma primeira versão
de um desencontro
com o amor e a morte
neste fim do mundo
de onde vou partir
pois oiço a tua voz
que me chama
sigo os caminhos de pó
deste mapa antigo
onde distingo vagamente
a direcção
o meu tempo já tarda
entre o instinto e a razão
em cada taberna
em cada vagabundo errante
uma estrela e um insulto
uma pedra e um sorriso
um anjo da guarda
neste dédalo
de sinais e significantes
existiu ali e acolá
amenizando
o cansaço e o frio
o imenso significado
da garupa e do olhar
de um burro
ou de um cavalo
a quem afinal
sonegaram
lugar de relevo

labirintos e farsas 
para nomear
os falsos heróis

da História.

Lisboa, 13 de Setembro de 2014
Carlos Vieira




Daedalus and Icarus, antique bas-relief; in the Villa Albani, Rome


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