este poema aguarda
os que se assustam
da porta que se abre
da porta que se fecha
da chave na ranhura
dos dentes cerrados
na liberdade e na loucura
da corrente de ar
de espreitar o círculo do medo
e de fecharem os olhos
das mãos crispadas de raiva
das mães
e de fecharem os olhos
das mãos crispadas de raiva
das mães
os que se assustam
das mãos estrangulando
a vergonha
da carta das viúvas
que ainda se desconheciam
das notícias inesperadas
e das que há muito esperavas
guarda nas rimas
o silêncio do medo
das alturas e dos abismos
dos lugares que são do vazio
e das multidões
e dos sobressaltos
da paz e da guerra
guarda os desse medo
feroz do contratempo
que é a fome dos seus
e de todos os outros
dos que receiam
em não haver tempo
e daqueles sobrevivem
com todo o tempo do mundo
a uma insensata solidão
a titubear os estribilhos
das canções
em não haver tempo
e daqueles sobrevivem
com todo o tempo do mundo
a uma insensata solidão
a titubear os estribilhos
das canções
dos que apenas murmuram
cansaço e desolação
em busca de um poema
que seja o passaporte
a viagem e o salvo conduto
a ponte e a passagem
para um país de coragem
carta de alforria
do campo de concentração
latente dentro de nós
Lisboa, 1 de Outubro de 2012
Carlos Vieira
cansaço e desolação
em busca de um poema
que seja o passaporte
a viagem e o salvo conduto
a ponte e a passagem
para um país de coragem
carta de alforria
do campo de concentração
latente dentro de nós
Lisboa, 1 de Outubro de 2012
Carlos Vieira
Sem comentários:
Enviar um comentário