sábado, 20 de outubro de 2012

4 – Observação de aves


 

 

Descansou ali na cota mais alta

Caiu das nuvens do ombro fecundo

E assim sentado a ver o mundo

Estremeceu-lhe a repentina falta

 

E quanto mais o olhar no cimo se perdia

A curva da sua ausência era dor tamanha

Mais no perfume das ancas se envolvia

E lhe batia no peito o cume da montanha

 

Este homem que tão alto ascendeu

Que tão ingénua alegria à amada tece

Agora o medo do abismo desconhece

Porque o fogo do amor jamais esqueceu

 

Lisboa, 20 de Outubro de 2012

Carlos Vieira

 

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