Trama
no cerzir a luz
dos trémulos estores chineses
um crepúsculo de lâminas de madeira
e de olhos dos vigilantes da tolerância
esses que observam incrédulos
os contornos do destemor
dos que se movimentam
no lusco fusco da carne e da vida
deixando nas entrelinha
os pássaros
dúcteis de alegria
e as palavras as que soçobram de prazer
ambos prenhes de firmeza
possuídos de feroz dissidência
beijam-se na penumbra ou na praça pública
recusando todos os pelourinhos
resgatando à reverência do silêncio
o desvendar do amor
e o propósito de serem senhores
do seu caminho.
Lisboa, 27 de Outubro de 2012
Carlos Vieira
“O Poeta com os pássaros” de Marc Chagall
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