Aguardas
no sofá da sala
que o bicho da palavra
por dizer te devore,
lá fora
instiga-te a sair
o sol exacto
de Inverno
e o ruído mecânico
das ondas
dos automóveis,
desces pela
suave melancolia
do elevador
sem qualquer
interrupção
de um "bom dia!"
de um vizinho
madrugador
pões a chave
na ignição
e escutas
a resposta familiar
do motor
da viatura
sempre disponível
para te levar
a algum lado
sem te pedir nada
nem uma palavra
esqueceste-te
de ti e do cinto
em qualquer
esquina
podes voltar
a transgredir.
Lisboa, 30 de Novembro de 2014
Carlos Vieira
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