segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O meu cavalo baio contra a solidão I



Ali estavas
na tua velha casa
sem os lustres doutros tempos
quase em ruínas
dali vislumbras
as árvores de pequeno porte
cabeleiras desgrenhadas
loucas e esparsas 
pela campina
que o crepúsculo e a névoa
tingiu de pratas e ouros
a acentuar
o azeviche dos touros
contíguos aquela quietude 
e à sua solidão
e ao seu cavalo baio 
no cercado
desfere coices no vazio
e desmente-lhe diáriamente 
o abandono
quando salta pela janela
entra na sala
e lhe vai comer à mão
saliente-se-lhe o cuidado
de deixar os móveis
incólumes.

Lisboa, 17 de Novembro de 2014
Carlos Vieira


Sem comentários:

Enviar um comentário