Pingos de chuva
a tamborilar
no espelho
caligrafia
de água verde
que me escorre
do tanque
e do reflexo das faias
a aguilhoar
um céu de nuvens
jangadas de espuma
em usurária
discussão
de prata de lei
enquanto isso
a rã
retardatária
foge do poeta
que a surpreende
e salta
pensando-se
a salvo
para dentro
da armadilha
da poesia
depois
que passou muros
e barragem
contra o tempo
ouço-a com o cinismo
dos desenganados
coaxar
um verso de folgo
a invadir-me
o tédio do despacho.
Lisboa, 5 de Novembro de 2014
Carlos Vieira
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