O meu eterno retorno
é á praia de Scheveningen
a um céu azul claro
para quem não sabe nadar
de perigosa inclinação
e nuvens de algodão desfeitas
no mar do Norte
hoje numa estranha quietude
no ouro do areal a perder de vista
onde sussurram
estas gaivotas breves
solidão em branco e preto
de um ou outro casal
que aqui vêem recuperar as forças
depois do amor ou do desamar
sem fazerem ondas
vão ver-se junto ao mar
quase morto
já agora experimentam
a tempertura da água
enquanto recordo um dálmata
a brincar com um corvo
reafirmando as boas relações
entre espécies
atirando-nos areia
para os olhos
na praia de Schevenigen
onde morreu meu pai
com mais precisão
foi aqui que recebi a notícia
da sua morte
agora encontro-me sempre com ele
quando aqui volto
e a partir dessa memória
de dor atormentado
renovo a minha crença
na humanidade.
Scheveningen (Haia), 26 de Novembro de 2014
Carlos Vieira
Sem comentários:
Enviar um comentário