quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Poema por um olhar de equídeo


Um cavalo
atravessou o auto-estrada
à minha frente
chuvia torrencialmente.
Não consegui
evitar que o seu olhar
me acompanhasse
uma boa dezena de quilómetros
na dança do limpa-pára brisas.
Encostei numa estação de serviço
e só aí o endiabrado alazão
me pareceu ter regressado à campina.
Não foi a primeira vez
que me senti tão incomodado
por um tão humano
olhar de animal.
Desta vez
telefonei à Brisa.
"-Está um cavalo encurralado entre rails
ao quilómetro 65!"
Lisboa, 28 de Outubro de 2014
Carlos Vieira


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