Neste sábado de manhã
enquanto tomo o café
espero a Matilde
na piscina do Holmes Place
os meninos aprendem
a nadar.
Treinam os estilos
livre de correntes
e de bruços
e de costas
para o imenso mar
de escolhos
da vida.
Peixes de água doce
e aquecida
e de risco moderado
reaprendem a respirar.
Vou-me embora
cansado de tanta estafeta
neste oceano
a fazer de conta
e o tempo
está a mudar.
Mergulho
nado debaixo
de água
dou duas ou três braçadas
e estou dentro
do liquído amniótico da solidão
vou até ao açude
da infância
deixo-me descer
até à fossa abissal
da poesia.
Lisboa, 5 de Outubro de 2014
Carlos Vieira
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