No mobiliário branco de design contemporâneo à minha frente, sentaram-se duas mulheres de óculos escuros, pediram dois galões, um claro e o outro escuro, as suas roupas eram desportivas e escuras.
Somente os generosos decotes das suas camisolas de tecido leve, de onde ressaltavam seus peitos ebúrneos, contrastavam com a sua atitude recatada e cúmplice, iluminava-as a sua atitude despretensiosa, depois apercebi-me da clarividência dos seus comentários, aconteceu seu riso cristalino.
Não olharam uma vez para mim que era o único cliente do café, omnipresente na ilha da minha mesa branca com os poemas espalhados como barcos numa planície gelada.
A verdade é que para algumas pessoas, nós não somos mais que uma noite escura como o breu, algo que existe na penumbra, na sua sombra ou então somos transparentes.
A verdade é que para algumas pessoas, nós não somos mais que uma noite escura como o breu, algo que existe na penumbra, na sua sombra ou então somos transparentes.
Tenho ainda uma outra explicação, existem pessoas que tem um raro faro para evitar os solitários e uma aversão incontrolável ao mistério.
Lisboa, 17 de Outubro de 2014
Carlos Vieira
Foto de Lloyd K. Barnes
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