quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Página em branco


 

 

deixar o papel de pousio

e nesse claro nada

deixares que o leve um rio

 

exposto ao ínfimo

e mais leve

excremento de um insecto

 

à breve

obscuridade de um vinco

ao estigma da nódoa

 

à leviandade da luz

ao rumor

subliminar da marca de água

 

cego que leva pela mão

e pressente o frémito

no poema vazio

 

só ele pode chegar ao sol

e organizar o caos

reacender a festa

 

e naquele sangue branco

dos homens voltar a ouvir-se

o vento os pássaros e a floresta

 

Lisboa, 1 de Novembro de 2012

Carlos Vieira

 
“                                                          Page blanche” de René Magritte

 

 

 

 

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