Líquen
sussurro subtil
caligrafia de seiva
sobre a pedra inacessível
flor de um fogo breve
aroma de ave ávida de sonhos
líquen
voz que se ergue de erva-doce
sob as asas da neve
que irrompe na noite
das entranhas da terra
pelas frestas do tempo
cujo focinho empurra o sol tímido
pela madrugada
líquen
planta onde se acende
o reflexo rumor
de precários insectos
que viajaram
nos caprichos de vento
e que devoram agora
a última esperança
de uma vida vegetal
Lisboa, 10 de Novembro de 2012
Carlos Vieira
“Liquen” Myriam Le Borgne
Sem comentários:
Enviar um comentário