quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Ilumi(ter)nura


 

 

Contorce-se

exuberante o teu corpo

lânguido

insurgindo-se

contra as arestas

contra o ofício

das horas contratadas

na veemência do seu olhar

urde a artimanha

de veludo

pela fresta aberta

escapa-se a caligrafia

da alma

insubordinada

até ao istmo da melancolia

no  leito frugal

espraia-se eloquente

sinuoso

o damasco do seu torso

em êxtase

de espírito possuído

sonhada

ou venerável iluminura

que convoco

só para este momento audaz

e íntimo de ternura  

debruçado sobre o abismo

do teu corpo

 

Lisboa, 7 de Novembro de 2012

Carlos Vieira

                                                                 “Nude” de George Brassaï

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário