Contorce-se
exuberante o teu corpo
lânguido
insurgindo-se
contra as arestas
contra o ofício
das horas contratadas
na veemência do seu olhar
urde a artimanha
de veludo
pela fresta aberta
escapa-se a caligrafia
da alma
insubordinada
até ao istmo da melancolia
no leito frugal
espraia-se eloquente
sinuoso
o damasco do seu torso
em êxtase
de espírito possuído
sonhada
ou venerável iluminura
que convoco
só para este momento audaz
e íntimo de ternura
debruçado sobre o abismo
do teu corpo
Lisboa, 7 de Novembro de 2012
Carlos Vieira
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