como se fosse uma granada
uma explosão de sementes e frutos
reinventamos do nada
a terra de ninguém
soerguem-se abandonadas lutos
de viúvas, solteiras e outras mães
de demasiadas filhos mortos
a mão na garganta do fumo e do gaz
estrangulando o grito
a corola e o pólen do silêncio
e as cinzas das fogueiras
os farrapos das nuvens cinzentas
o manto do desespero
despojos do saque
a face da vergonha
e a solidão azul do lápis
os números desprezíveis de baixas
das batalhas
no arame farpado das trincheiras
escorrem dos mortos e feridos
tão naturalmente
flores vermelhas
Lisboa, 14 de Novembro de 2012
Carlos Vieira
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