1.
Faísca
frágil flor
incandescente
eu te desconheço
golpe de asa
ou página efervescente.
2.
Pássaro de fogo
frémito
fulgurante
não te mereço
nunca te mereci
és o relâmpago
a que sucede
o meu inevitável
estremecimento.
3.
Estrela à solta
felina
vertiginosa
deixa-me apenas dormir
ou sucumbir
à altura
da tua febre.
4.
Teu olhar de metal
a vibrar de desejo
e de fulgor
e de ânsia
e de ternura
como te vou sobreviver?
que podes tu saber da morte
que perdura?
5.
Farpa
a rasgar o peito
a apunhalar a solidão
e a tristeza
que ainda assim resvala
de um vulcão
e cobre
no fim de semana
a imagem sépia do tempo
teu rosto.
6.
A faúlha
fez insurrecto o coração
e intactos o fósforo
a minha fogosidade
o conhecimento
lavra o fogo-posto
que devasta
o eco do teu nome
no mistério da floresta.
7.
Início da festa
sai-lhe da boca
a palavra inacessível
a sua língua em fogo
devoras-me as entranhas
no alto forno do silêncio
que tempera a alma
tu és tudo em que acredito
eu sou tudo aquilo
que de ti me fica.
8.
Tudo será breve
ou princípio de um fim
que se apaga
que nos foge
que reacende.
Lisboa, 18 de Dezembro de 2012
Carlos Vieira
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