Era uma madrugada de verão, julho talvez, algures no século passado. desde o princípio da noite circundavam o sopé dos pequenos montes. tinham-lhe trocado as voltas pouca gente sabia porque o faziam. uma neblina filtrava as corolas pendentes dos arbustos nos estreitos caminhos e deixava-nos encharcados. pesavam-lhe as mochilas verde tropa, onde se aconchegavam rações de combate, acendalhas, primeiros socorros. pequenas ferramentas para a vida e para morte e todo o tempo para limpar armas. as armas ao colo eram crianças preparadas como nós para o fogo na alma do cano e do corpo. na abordagem a cada arbusto treinavam a guerra e não é mesma coisa. por isso havia tempo para os ângulos mortos da paisagem. as aves e os animais eram verdadeiramente os únicos incomodados nas emboscadas. ainda bem que tendo ido à tropa nunca fui à guerra e isso faz toda a diferença, para mal e para o bem e para o lusco-fusco.
Lisboa, 22 de Agosto de 2016
Carlos Vieira
Carlos Vieira
Sem comentários:
Enviar um comentário