sábado, 27 de agosto de 2016

A indiferença e o amar dos tímidos


Volta à escrita como a criança
dá-lhe a mão a cada palavra
é uma oração que te revela
ponte suspensa na respiração
de passagem de uma vida
vegetando na tua margem
corrente que te leva e traz
uma espécie íntima de música
na penumbra de secreta solidão
descansa sob a abóbada da paz
cercada do eco das tuas palavras
enquanto as suas amordaçadas
são apenas olhares gumes
abrindo feridas no muro da espera
e o seu silêncio é cálice de veneno
reservado à sua morte diária
ou à alma cruel da sua dissidência.
Lisboa,13 de Agosto de 2016
Carlos Vieira


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