sábado, 2 de agosto de 2014

Dias de bruma V



esperavas-me
só 
no cais
enquanto
correm comigo 
acossando-me 
as canelas
o vento e a praia
dois cães

refém do caos
desnuda
de sentidos
não sei quantas vezes
foste devorada 
pela bruma
e te salvei

abracei-te
por detrás
surpreendida
estarei
onde não esperas

e no mapa
percorri o vazio
da tua silhueta
e a dúvida 
das encruzilhadas
mulher perdida

desconhecias
mas eu sempre
ali tinha permanecido
nunca saíra 
dessa terra
por ti sitiado

procuravas-me
num incerto
horizonte
também
eu aprendi 
a desconfiar
do amar-te
à distância

era o teu rumo
e tu a minha rota
farol
e desnorte
e acaso

por tanto 
nos amarmos
e nos desencontrarmos
somos agora 
gastas ilusões
e cansados rochedos
vencedores
e vencidos

Santa Rita, 2 de Agosto de 2014

Carlos Vieira

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