o pão alvo
no silêncio inoxidável
antes dos banhos da manhã
o fermento
leveda secreto e inexorável
num tempo de arame farpado
o forno calado
na boca a cinza imperdoável
das almas incineradas
na toalha sem pão
tremeluz a estrela imaculada
se apita o comboio do subúrbio
oiço o cristal
na pedra que atravessa a janela
por ali a noite entra em sua casa
vive no sótão
todo o tempo de infância
que é todo o tempo da sua vida
parte a mãe
apenas por causa da burocracia
o pai foi atrás da mãe e ela não pode ficar sozinha.
Lisboa, 24 de Setembro de 2013
Carlos Vieira
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