terça-feira, 24 de setembro de 2013

Comer o pão que o Diabo amassou…



o pão alvo 
no silêncio inoxidável 
antes dos banhos da manhã

o fermento
leveda secreto e inexorável 
num tempo de arame farpado

o forno calado
na boca a cinza imperdoável
das almas incineradas

na toalha sem pão
tremeluz  a estrela imaculada 
se apita o comboio do subúrbio

oiço o cristal
na pedra que atravessa a janela
por ali a noite entra em sua casa

vive no sótão
todo o tempo de infância
que é todo o tempo da sua vida

parte a mãe
apenas por causa da burocracia
o pai foi atrás da mãe e ela não pode ficar sozinha.

Lisboa, 24 de Setembro de 2013
Carlos Vieira


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