quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Canto afinal



De repente
tudo pode ser
o mais puro encanto
que se esconde
num cristal
que desencanto
no anónimo
e manso recanto
de esquecimento
ou memória
de um subtil
momento.

Entretanto
tudo se eclipsa
tímida é a nudez
a nossa sede
é saciada de espanto
só me seduz
debaixo do manto
a lua distante
uma luz à deriva
sobre o abismo
do teu sexo
num voo
que levanto.

De repente
outra vez a máscara
que à pele adere
silente de pranto
que se debate
impotente
em ocultar a volúpia
de tanto desencanto
de tudo ser azul
de ser apenas
céu e mar
nem uma nuvem
uma leve brisa
ou o rumor
da chuva assolando
o teu olhar.

Lisboa, 12 de Setembro de 2013
Carlos Vieira

                                              "Clouds on Namco Lake" por Guang Yuan

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