Não entreis docilmente nessa noite serena,
porque a velhice deveria arder e delirar no termo do dia;
odeia, odeia a luz
que começa a morrer.
No fim, ainda que os sábios aceitem as trevas,
porque se esgotou o
raio nas suas palavras, eles
não entram docilmente
nessa noite serena.
Homens bons que clamaram, ao passar a última onda, como
podia
o brilho das suas
frágeis ações ter dançado na baia verde,
odiai, odiai a luz
que começa a morrer.
E os loucos que colheram e cantaram o vôo do sol
e aprenderam, muito
tarde, como o feriram no seu caminho,
não entram docilmente
nessa noite serena.
Junto da morte, homens graves que vedes com um olhar que
cega
quanto os olhos cegos
fulgiriam como meteoros e seriam alegres,
odiai, odiai a luz que
começa a morrer.
E de longe, meu pai, peço-te que nessa altura sombria
venhas beijar ou
amaldiçoar-me com as tuas cruéis lágrimas.
Não entres docilmente
nessa noite serena.
Odeia, odeia a luz
que começa a morrer.
Tradução:
Fernando Guimarães
Do Not Go
Gentle Into That Good Night
Do not go
gentle into that good night,
Old age
should burn and rave at close of day;
Rage, rage
against the dying of the light.
Though wise
men at their end know dark is right,
Because
their words had forked no lightning they
Do not go
gentle into that good night.
Good men,
the last wave by, crying how bright
Their frail
deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage
against the dying of the light.
Wild men
who caught and sang the sun in flight,
And learn,
too late, they grieved it on its way,
Do not go
gentle into that good night.
Grave men,
near death, who see with blinding sight
Blind eyes
could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage
against the dying of the light.
And you, my
father, there on the sad height,
Curse,
bless me now with your fierce tears, I pray.
Do not go
gentle into that good night.
Rage, rage
against the dying of the light.
Dylan Thomas
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