Oiço nas minhas costas
o ruído breve
da pedra de isqueiro
um quase imperceptível
cheiro a gasolina
sei de memória
que se seguirá a pequena
língua de fogo
o primeiro cigarro do dia
nos teus lábios
o teu rosto que se esfuma
a tua mão vai pousar
de seguida em brasa
no meu ombro
está chegado o tempo
de te abandonar
em que se apagou a chama
e se tornou impossível
olhar-te de frente
e assim me confrontar
com a morte
que são as cinzas
do incinerado amor
de costas voltado.
Lisboa, 15 de Junho de 2014
Carlos Vieira
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