a vida por um tri(s)te
regressa à página vazia
a esse torpor húmido
de uma primavera sem flores
à asa suspensa
no aparo do medo
dentro de si procura a palavra
a raiz primordial
rastilho para o grande “boom”
do princípio de um novo mundo
as sôfregas mãos
presas nessa hidráulica
que liberta a corrente
da humanidade
que faz cair o pano
e o atordoa do espanto das aves
fósforo que acende o sorriso no olhar
o dedo a florir no gatilho
espreitas no longo cano negro da vida
o dourado projéctil
que tornaria vermelha a solidão
sem um pingo de tinta no coração
ele ali está exangue
depois da noite em branco
de regresso ao “felizmente à luar”
da última folha
ao deve e haver do amor e da morte
às estatísticas
de uma maior esperança de vida
Lisboa, 16 de Junho de 2012
Carlos Vieira
“La Page Blanche” René Magritte
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