terça-feira, 5 de junho de 2012

Poema para um emigrante



Não sei como foi que aqui chegou

E tendo chegado já partiu

Sabendo o que ganhou

Não sei o que perdeu

Para onde foi

O que encontrou à sua espera

Não sabe quem estará aqui

Nem será aquilo que prometeu

E se um dia regressar

Não será mais ele

Aquele que na dor viram partir

Ainda menos aquele

Porque anseiam

Na esperança do reencontro

E neste deambular

Nesta errância

Estando tão presente

Cegos estarão todos

Quando chegar

De tocarem a sua ausência

Abraçando o país deserto.



Lisboa, 5 de Junho de 2012

Carlos Vieira


                                “O português/ O emigrante” – Georges Braque

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