a haste da palavra
curvava-se sobre um rio imaginário
numa paciência de cana de pesca
sobre o século
onde a corrente
de olhos semicerrados
prossegue exausta e indiferente
manuseando o seu realejo de água
onde aflora a memória em remoinho
da nudez dos corpos jovens
o reflexo dos peixes
e a fragrância de margens
a destoar
apenas a sombra ténue
do rouxinol que tinha sido devorado
pelo salgueiro
isso foi suficiente
para que a palavra se desprendesse
e flutuando levada pela corrente
precipitou-se no açude
sem dizer nada
Lisboa, 30 de Junho de 2012
Carlos Vieira
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