Uma cadela vadia
de rabo entre as pernas
invadiu o cenário
e alçou a perna
numa ovelha de porcelana
tresmalhada
meteu o focinho
entre o musgo e o algodão
do presépio
e seguiu a estrela
de barro quebrada
corre e ladra de alegria
descobre
que cada gruta
estava prenhe de poesia
que ali nasce
o milagre da criação
o homem que vai morrer
e renasce
como se faz novo o dia
do mesmo barro
da mesma fria luz
agora em agonia
neste presépio
do mundo
onde supus
no meu imaginário
aquela cadela
escanzelada
percorria
fugindo
de uma qualquer
Judeia
ao encontro
de um novo mundo.
Lisboa, 11 de Dezembro de 2014
Carlos Vieira
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