Dizem os teus lábios
e calam-se
falta-lhes o ar
e todos os animais
correm para os abrigos
face aos beijos
que se adivinham
que se seguem
desconhecendo territórios
no canto
que nomeia
os objectos familiares
ao adquirirem
estranha luz
eteriedade
vão ocupar o inóspito
despedindo-se das mãos
da ternura
que testemunham
nos recantos
nas prateleira douradas
na sua nudez
tolhidos em silêncio
no exílio dos pequenos espaços
onde reinam
em crepúsculos mínimos
aguardam
que os teus lábios
os poupem às línguas
de fogo
que esvoaçam
em que se transformam
as palavras
que os invocam
preenchendo
o vazio
enquanto
o sopro da tua boca
faz desaguar a noite
perante o espanto
estampado
no teu rosto
alucinando.
Lisboa, 4 de Dezembro de 2014
Carlos Vieira
Sem comentários:
Enviar um comentário