sábado, 6 de dezembro de 2014

O amor sem sentido


Os meus lábios 
contornam
a crista da indescritível
da perfeita
ondulação 
dos teus ombros
rumo ao delírio
da visão
dos teus mamilos
onde os meus dentes
moderam
os murmúrios do desejo
a minha boca
regressa ao precepício
que se inicia
por detrás do teu pescoço
após o rumor da palavra
ciciada
mordiscas-me a pele
os teus olhos fecham-se
para que possas
atravessar
o caminho do amplexo
dos meus braços
e nessa gruta 
do desassossego
onde deliberadamente
nos perdemos
avança minha boca
e tuas unhas 
pelas nossas costas
e pelos pequenos
vulcões dos poros
escorregamos
na insensatez
e no perfume 
reconhecido
na pele molhada
tuas mãos ávidas
da minha rendição
de que mergulhe 
erecta a lança
que o mundo desvaneça
e o pequeno hiato de luz 
seja a única tristeza
que permaneça
e por fim se desfaça
a nossa vigiada
solidão
nos dedos que me calam
e que beijo
no epílogo de ternura
e do amor renovado
na volúpia saciada.

Lisboa, 5 de Dezembro de 2014
Carlos Vieira


Magritte - "The lovers"

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