Amar sai caro
O custo de vida
a aumentar
o amor não aguenta
deixou
de ser prioritário
é descartável
saiu da agenda
é um detalhe
é circunstancial
podemos amar
se não temos
mais nada
estejamos atentos
é necessário
mais planeamento familiar
que fazer em primeiro lugar
devemos pagar
as nossas divídas
cumprir as nossa obrigações
fazer o diagnóstico
não nos podemos
dar a esse luxo
de amar
despudoradamente
por qualquer motivo
qualquer lugar
e a carreira
o desempenho
e as regras a segurança
o equilíbrio e o futuro
temos de estabelecer
prioridades na vida
este não é tempo
para sonhar
temos de ser
pragmáticos
estar com os olhos
bem abertos
pé em terra firme
sensatez
quanto custa
quanto nos rende
amar sai caro
está pela hora da morte
sempre vezes dois
é tempo de sobreviver
sejam românticos
depois
amar é para quem
não tem mais nada
para quem pode
para fazer
para os desgovernados
para os loucos
quando muito
façam alguma poesia
sem exageros
perde-se algum tempo
mas sai mais barato.
Lisboa, 13 de Dezembro de 2014
Carlos Vieira
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