pronto
aqui me encontro
envolto num turbilhão
de fumo branco
um pé firme na Terra
uma mão cheia de nada
ausculto o eco das letras
nas palavras ditas
sondo-lhe o encanto
na voz rouca do vulcão
no primeiro voo da escrita
quando a sós
na vertigem do céu
de um qualquer poema
ousamos o mistério e o fogo
e se desatam nós de espanto
frente à imponência do caos
que moldamos no barro
helicoidal e paciente
na curva da idade
que nos permite distinguir
o fulgor e a errância
de cada ponto
na miríade de pó suspenso
a tristeza vencida
dos rostos cintilantes de gente
que em cada estrela distante
são a semente prenhe
dos sonhos
na sua elipse de regresso
à humanidade
Porto de Mós, 18 de Agosto de 2012
Carlos Vieira
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