na geografia de cristal
há a subtil intercepção
de um tempo sem razão
há a sombra do punhal
na vertigem silenciosa
no itinerário das árvores
é pura a voz estrangulada
e na sinfonia dos pássaros
não escorrem as lágrimas
que se sabem mais íntimas
de um olhar perturbado
ou próximas das estrelas
pelo vidro embaciado
da solidão das janelas
a testemunha protegida
observa o lento escorrer
do sangue e apodrecer
do cadáver e da sua vida
apaga o rosto do assassino
a astúcia montada da teia
no peito tudo fica gravado
num depoimento cristalino
pelo periscópio da lua cheia
Lisboa, 13 de Agosto de 2012
Carlos Vieira
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