eu estou de pé
depois da urze dourada
o teu corpo macio
está de bruços
é uma romã inquieta
pendurada na penumbra
nós estamos nus
como os astros inacessíveis
e a beleza dos números
tu és a gazela desconfiada
imediatamente antes do prado
que não resiste à tentação
de poder regressar
trazes a inesquecível ironia
do teu sorriso tangente
a esculpir
os teus lábios perfeitos
fulgindo no olhar
que já foi triste
o teu desejo ouço-o
arqueando as tuas vértebras
no frémito do vento
és neste odor que dança
e que libertas
que me prendes ao sul
dos teus abraços
gume de palavra
nunca esquecida
na minha boca ferida
desliza a enrolar-se
nos pensamentos
que me traem
e a que me entrego
que serão afinal
na foice do desespero
a tua linha de fuga
Lisboa, 14 de Agosto de 2012
Carlos Vieira
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