sexta-feira, 20 de julho de 2012

Rescaldo



a língua de fogo
devora-nos a floresta
o peito e a página
do mundo 
e no rescaldo
um brinquedo
deixado à pressa
entre as cinzas
de um poema
o eco dos pássaros
as estrelas do céu
nos homens sem tecto
alargou-se a clareira
no seu olhar extinto
de carvão
nas suas palavras
extenuadas

e sem chama
ainda assim
na desolação

por entre queimaduras

de todos os graus
anuncia-se  débil
o reacendimento
da esperança

Lisboa, 20 de Julho de 2012
 Carlos Vieira

                                          Virna Haffer “Abstract # circa 1960s. Photogram

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