a língua de fogo
devora-nos a floresta
o peito e a página
do mundo
e no rescaldo
um brinquedo
deixado à pressa
entre as cinzas
de um poema
o eco dos pássaros
as estrelas do céu
nos homens sem tecto
alargou-se a clareira
no seu olhar extinto
de carvão
nas suas palavras
extenuadas
e sem chama
e sem chama
ainda assim
na desolação
por entre queimaduras
de todos os graus
por entre queimaduras
de todos os graus
anuncia-se débil
o reacendimento
da esperança
Lisboa, 20 de Julho de 2012
Carlos Vieira
Virna Haffer “Abstract # circa 1960s. Photogram
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