pau de fósforo
mínima parcela do pinhal
que acenou seu verde gesto
sobre o horizonte azul-cobalto
onde se festeja a melancolia do sal
de que o vento pouco a pouco se despediu
e escondeu o ninho e sustentou o primeiro voo
sucumbiu na queda da árvore e viu à luz fluorescente
da fábrica erguer-se a lâmina que cerce lhe desenhou seu
futuro
e moldou a vermelha substância que um dia se acendeu em flor
efémera
depois do desesperado cigarro foi o sopro e a pirueta pelos
ares impulsionado
última memória antes da vida espezinhada e agora subitamente
uma piedosa mão
lhe deu o destino de travar a janela permitindo à brisa fresca
reconhecer naquele corpo
o perfume do pinho verde e a resina que de si brota ténue rastilho
que a enlouquece apenas
de espreitar as sombras que se apagam na placidez do parque
atormentando a carne do Verão
Lisboa, 9 de Julho de 2012
Carlos Vieira
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