Preamar
II
Ali estavas no teu intangível vestido de noite, de pérolas e de sal
podia até ouvir-te nesse sonho em que corres descalça no areal
ou se amanhece o teu sorriso de luz etérea e na brisa que te esconde
nessa antiga memória arquejando de espasmos num uníssono de mar
reconheço-te o sabor, o regresso à loucura e ao indefinido perfume
que me derruba, mordo o pó da estrada, fenda aberta no meio do luar
limiar secreto de outro esplendor, de um cardume de peixes e de estrelas
e alastra de novo em mim, ancestral, o rasto marítimo que deixas ao passar
Lisboa, 26 de Janeiro de 2012
Carlos Vieira
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