o sol brilha
mais hoje
mais longe
porque ontem
choveu aqui
mais perto
mais longe
porque ontem
choveu aqui
mais perto
amanhã
vai chover
onde
não importa
ainda
se tivesses
uma planta
ou um rio
como ontem
vai chover
onde
não importa
ainda
se tivesses
uma planta
ou um rio
como ontem
pudesses
apenas viver
de luz
e da água
de antes
atónito
de reflexos
no meio
do canavial
apenas viver
de luz
e da água
de antes
atónito
de reflexos
no meio
do canavial
sofrer
de sede
e de frio
aquecer-te
e saciar-te
à tua beira
um amanhã
em ti
de sede
e de frio
aquecer-te
e saciar-te
à tua beira
um amanhã
em ti
não existiu
fim
nem distância
entre eles
dois
porque
ela era o sol
ele a chuva
nesta tarde
ela era a planta
e ele o rio
fim
nem distância
entre eles
dois
porque
ela era o sol
ele a chuva
nesta tarde
ela era a planta
e ele o rio
o mundo
em ponto
pequeno
era um sonho
nele dançava
contigo
à chuva
no meio do rio
já tímido
me escondia
a espreitar-te
no canavial
dos versos
onde não havia
tempo
em ponto
pequeno
era um sonho
nele dançava
contigo
à chuva
no meio do rio
já tímido
me escondia
a espreitar-te
no canavial
dos versos
onde não havia
tempo
Lisboa, 30 de Dezembro de 2015
Carlos Vieira
Carlos Vieira