terça-feira, 17 de novembro de 2015

Despertares


Acordo
e o teu corpo
desmorona-se
a tua pele escurece
como se fosse possível
eu poder fazer-te sombra
acordo
e o murmúrio do teu sangue
desaparece
como um rio
que muda de rumo
acordo
tudo se esquece
até essa memória intensa
da profusão
do teu perfume
acordo
neste meu lado
da cama da solidão
sem acordar na viagem
dos teus lábios
acordo
sem luz e sem nexo
depois do labirinto palpitante
do teu sexo
acordo
não te encontro
neste mundo
sendo tu tudo para mim
neste amplexo de luz
sendo o que foi a madrugada
também és o nada.
Lisboa, 13 de Novembro de 2015
Carlos Vieira

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