Uma
pequena brecha
um sortilégio
na subtil nudez
da construção frágil
em jardim suspenso
no precário momento
um promontório justo
a súbita fractura exposta
o músculo que cede
à superfície um gesto
que sucede brusco
num tempo morto
engrena
por um simples acaso
no movimento singular
a respiração boca a boca
que a faz regressar
à admirável dança interior
ao bate bate coração
depois daquela eternidade
uma fração de melodia
interrompida
um vestígio do sal
que trouxe outra vez
o mar brutal
ao intervalo
entre a tua vida
e minha morte.
Lisboa, 7 de Novembro de 2015
Carlos Vieira
Desenho de autor desconhecido
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