quarta-feira, 2 de julho de 2014
Ode à deusa da floresta
O arco tenso
a flecha dardeja
o alvo eufórico
antes existiu
um rumor de penas
e ferro forjado
um silvo sibilino
ofereces o peito
há um murmúrio
de sangue quente
que atravessa
a floresta
o fruto trespassado
e no seu âmago
tartamudeia
uma festa
de cintilações
e silêncios
de sementes
rasgam a polpa
teus dentes
irrompe na clareira
teu rosto
de puro alabastro
tudo isto
descobre a língua
uma frescura de lâmina
que penetra
e de novo deixa
oculta a palavra
que perdura
no altar sagrado
de invadir
de palpar
o mistério humano
e invisível
que pressinto
na tua boca
de deusa atingida
pela seta
do prazer indizível
entregando-se
á infinita loucura
da seiva
e do profano.
Lisboa, 2 de Julho de 2014
Carlos Vieira
O Despertar de Adónis de John Williams
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