Dias de bruma III
Assomam à porta
dois figos ainda verdes
e adeuses de amoras
à janela
meia dúzia de telhas
forradas a musgo
e um dragoeiro
equilibram-se
no muro frontal
que sobrevive
os pássaros
e as borboletas
entram
sorrateiros
sem pedir licença
as ruínas desta casa
tem os seus alicerces
na minha cabeça
reconstruo-a de cor
com a ajuda
imprescindível
do coração
em linha recta.
Lisboa, 31 de Julho de 2014
Carlos Vieira
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