cai sobre a tua ausência e a terra a chuva impenitente
dos pássaros que cantam indiferentes não identifico nem um
sobrevivo em suspenso do aroma das árvores, flores e frutos
e na breve abóbada do teu silêncio
enquanto isso desaparecem a estrada, as casas,os rostos, as palavras
como se fosse possível o êxodo desta ilha
apenas a bruma e algures a presença dos abismos
no caos em que por vezes nos cercam os sentidos
por ti fiquei cego e a tactear pressinto que o vazio
pode ser uma espécie de morte
contudo resta-me a coragem ou a lucidez
de saber que algures está pousada a tua mão meu amor
e que por esse caminho de espinhos e emboscadas
resiste a esperança de passar incólume
por esse istmo que apela à força da natureza
ou à frágil subtileza do coração
Santa Rita, 28 de Julho de 2014
Carlos Vieira
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