o lento caracol
sobe a cana
é subtil o rasto
que desenha
no orvalho
e imperceptível
a folha
que estremece
estandarte
rumor verde
por cima
das translúcidas
amoras
que aguardam
serenas
a clarividência
azeviche
dos melros
e o insaciável
esmalte
dos teus dentes
enquanto
o vagar
dos meus dedos
te enlouquece
depois da noite
de espinhos
incandescentes
acenderem
teu corpo
tenso de alabastro
isso foi antes
agora
indiferente
ao desejo
que na madrugada
te fustiga
e te esgana
o lento caracol
desliza
sobe a cana.
Lisboa, 20 de Julho de 2014
Carlos Vieira
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